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Alessandra Nahra

Terra boa é solo bem nutrido



Quando a gente fala em plantar, pensamos logo em terra. Mas ela é apenas um componente do solo — que é onde a gente, de fato, planta. A terra é resultado de milhões de anos do trabalho do tempo — sol, chuva, calor, frio — sobre rochas. Em cima da terra acontece a decomposição de matéria orgânica animal e vegetal: tudo isso, junto, é o solo. A camada superior do solo, que gosto de chamar de “a pele da Terra”, é a parte mais cheia dos nutrientes necessários para as plantas crescerem, justamente por causa da presença de matéria orgânica.


Para começar um cultivo em casa, precisamos criar o solo, ou preparar a terra já existente no local. Quando o cultivo é em recipientes (vasos, caixotes, canteiros) geralmente preparamos um substrato para plantio. A receita básica que recomendo é 6 partes de terra vegetal, 3 partes de adubo orgânico, 1 parte de areia, tudo bem misturado. Se o cultivo é direto no chão, recomendo afofar o solo (cerca de 15 a 20 centímetros) e acrescentar por cima uma camada generosa de adubo orgânico, revolvendo só um pouquinho. O adubo orgânico pode ser composto, resultado da compostagem doméstica, ou o húmus de minhoca, produto do minhocário. Composto ou húmus de minhoca dá no mesmo: o importante é que é o resultado da decomposição da matéria orgânica que um dia foi viva e através do processo da compostagem voltou à natureza. Dessa maneira, os nutrientes que a planta retirou do solo para crescer retornam novamente para o solo — e o ciclo continua.




É por isso que a chamada agricultura convencional muitas vezes resulta em solos pobres, com erosão, secos e sem fertilidade: pois os nutrientes não voltam para ele. Tem gente que diz que a agricultura convencional é como uma “mineração" do solo. Um roubo de nutrientes, sem reposição. Os fertilizantes químicos utilizados nesse tipo de agricultura fazem a planta ficar forte, mas não fazem nada para o solo. Quando temos uma horta caseira, em recipientes, é a gente que tem que repor esses nutrientes no solo, na forma de adubo. E não precisa esperar o ciclo da planta terminar: convém fazer adubação de cobertura uma vez por mês. A adubação de cobertura pode ser com composto, húmus de minhoca, ou com bokashi, que é uma espécie de composto fermentado. Enquanto o composto e o húmus de minhoca são ricos em nitrogênio, o bokashi é farto em outros macro e micro nutrientes, o que acrescenta mais fertilidade ao solo.


Para conservar o solo rico e fértil, além de um bom substrato e adubação de cobertura, é necessário cobrir o solo, sempre, com matéria orgânica seca — como palha, folhas, restos de poda, cascas de arroz. A cobertura do solo evita perda de umidade pelo sol e pelo vento, suaviza a força da água caindo na irrigação, promove um ambiente confortável para a proliferação dos micro-organismos, que são os grandes parceiros do plantador: são eles que transformam a matéria orgânica em solo fértil.


Para saber mais, leia o Manual do Solo Vivo, de Ana Primavesi.

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